Como usar a capacidade de crédito a meu favor

Como usar a capacidade de crédito a meu favor

Quantos de nós não conhecemos alguém que ficou atolado em dívidas e teve de emigrar ou, simplesmente, perdeu tudo? E porquê? Porque, por vezes, vamos além da nossa capacidade de crédito.

Cada vez mais, é preciso ter consciência e responsabilidade antes de contrair um crédito sob pena de podermos estar a hipotecar o nosso futuro em prestações e mais prestações.

Contudo, se pensarmos no valor temporal do dinheiro, que nos diz que “mais vale 1 euro na mão hoje do que 1 euro que possa vir a receber amanhã”, faria sentido afirmar que pedir crédito pode ser uma opção favorável. E pode! O truque passa por saber usar a capacidade de crédito a nosso favor.

Por definição a capacidade de crédito é a capacidade que uma pessoa tem, perante um banco, de solicitar um crédito e conseguir cumprir com os compromissos de pagar as devidas prestações do crédito obtido.

Como usar a capacidade de crédito a meu favor

Neste artigo, vamos levar-te por uma reflexão sobre quando usamos o crédito de forma benéfica, ou seja, como alavanca do nosso futuro e quando o usamos de forma prejudicial, isto é, como hipoteca do nosso futuro.

Hoje em dia, com os facilitismos que há em relação ao recurso ao crédito, é normal que haja um endividamento cada vez maior das famílias. Muitas vezes, isto acontece porque não há uma verdadeira reflexão, ou consciência, sobre os impactos que um pedido de crédito tem. E aqui, refiro-me, essencialmente, a três aspetos. Ou seja, antes de pedires um crédito, deves:

  1. fazer uma ponderação cuidada sobre a utilização do montante que estou a pedir;
  2. ter consciência de que pedir um crédito não é dinheiro dado nem emprestado, é dinheiro comprado;
  3. fazer a minha própria análise de capacidade de crédito, ou seja, no momento de contração do crédito, devo calcular qual o montante que tenho disponível e que posso dispensar para pagar uma prestação no futuro.

Ponderação cuidada sobre a utilização do montante que estamos a pedir

“Não seria maravilhoso fazer aquela volta ao mundo? Ou ter um carro novo, topo de gama, com todos os acessórios a que tem direito?”. Quantos de nós não se sentiram já aliciados por anúncios na TV a incentivarem o crédito ao consumo, com um certo grau de facilidade?

A verdade é que, muitas vezes, acabamos por contrair créditos de forma inadvertida ou por impulso. Dito de outra forma, por falta de ponderação sobre a utilização do montante que estamos a pedir, isto é, do crédito ao consumo.

Daí, a importância de fazeres uma ponderação cuidada, porque se gastas dinheiro que não tens hoje em algo que consomes, e que provavelmente não vai gerar nenhum retorno, terás um encargo financeiro amanhã, pois terás de o pagar. Logo, amanhã, muito possivelmente vais estar, financeiramente, mais sobrecarregado do que hoje. Ou seja, antes de avançares com a decisão de contrair um crédito, devemos colocar as seguintes questões: “Será que necessito mesmo disto? É essencial? Que retorno me irá trazer?”

Ter consciência de que pedir um crédito é dinheiro comprado

É essencial teres um espírito crítico e decidires tendo consciência de que o crédito não é dinheiro dado, nem emprestado. É, sim, dinheiro comprado e o juro é a remuneração da entidade financiadora. Não te esqueças que pode levar muito tempo, até conseguires pagar a totalidade dos juros de um crédito.

Ou seja, não é porque a senhora ao telefone te diz que tens um crédito pré-aprovado de 5000 € hoje, que o deves contrair. Caso contrário, gastas o dinheiro, e depois? O resultado será ficares com mais uma prestação nas mãos para pagar. E durante quanto tempo?

Lembra-te sempre que a Liberdade Financeira também começa aqui, nestas pequenas decisões. Menos dívida, mais liberdade.

Fazer uma análise de capacidade de crédito

A tua capacidade e espírito crítico para analisar a tua capacidade de crédito é essencial. Ninguém conhece melhor as tuas responsabilidades e compromissos financeiros do que tu próprio, ou seja, só tu é que sabes se podes assumir mais uma responsabilidade.

Ao fazê-lo, não deves esquecer que a tua taxa de esforço é calculada com base no acesso a informação sobre o pagamento de prestações de créditos já contraídos, e não deve ser superior a 30% da remuneração total do teu agregado familiar. Contudo, todos sabemos que as nossas responsabilidades não se limitam a créditos contraídos e que há outros compromissos e obrigações, dos quais não podemos prescindir e que não entram neste cálculo. 

Portanto, mesmo que a senhora ao telefone te diga que sim, que tens capacidade de crédito, que está aprovado e que podes avançar, essa questão, em boa verdade, só pode ser respondida por ti.

O importante é evitares ir além da tua capacidade de crédito, caso contrário, deixarás de conseguir cumprir as tuas obrigações mensais, correndo o risco de entrares numa espiral de dívidas descendente, sem força para respirares nem capacidade para emergires. 

É por esta razão que, neste artigo, falo em hipotecar o futuro, porque usar a capacidade de crédito de forma prejudicial retira-nos a liberdade de sonhar e projetar o nosso futuro.

E se, em vez de hipotecar o meu futuro com prestações que nunca mais acabam, utilizasse esse montante como alavanca do meu futuro?

Há muitas pessoas que sonham em fazer algo que as apaixona e, daí, tirarem algum sustento, mas por não terem poupanças nem familiares ou amigos que possam contribuir com aquele “empurrãozinho” inicial, sentem-se inibidos em avançar com os seus projetos.

É por isto que teres alguma capacidade de crédito pode fazer toda a diferença, abrindo-te uma janela de oportunidade para investires num projeto que acreditas poder beneficiar o dia de amanhã.

A receita para usar a capacidade de crédito a nosso favor passa por ter em consideração os seguintes aspetos:

  • onde vou aplicar o dinheiro, sendo que devo aplicá-lo em investimentos e não em consumo;
  • tenho um projeto e um plano de negócios, acredito neles e estou motivado para fazer acontecer;
  • fiz uma análise cuidada da capacidade de retorno do investimento.

Onde vou aplicar o dinheiro

No fundo, a questão essencial para tirares o máximo partido da tua capacidade de crédito prende-se com a decisão de onde vais aplicar o montante que recebes no momento em que contrais o crédito.

Se aplicares o montante no consumo, não é expectável que seja gerado nenhum retorno financeiro no futuro e, portanto, crédito passa a ser um encargo financeiro.

Um investimento, por sua vez, é a aplicação de capital com o intuito de obter rendimentos no futuro. Quero com isto dizer que se a escolha de onde aplicares esse montante for acertada, será o próprio investimento a pagar o montante do crédito e a trazer-lhe algum retorno financeiro.

Ter um projeto e um plano de negócios, acreditar nele e ter motivação 

Um dos principais motivos para os negócios falharem está relacionado com a inexistência de um plano de negócios. Certifica-te de que tens um, pois ele é fundamental para o sucesso do investimento que estará subjacente ao teu projeto.

A confiança e a motivação do empreendedor não são menos importantes. É essencial que te mantenhas motivado e que continues a acreditar sempre que surgirem obstáculos. O espírito de resiliência do empreendedor é fundamental para atingir os objetivos traçados.

Analisar a capacidade de retorno do investimento

Para analisares a capacidade de retorno do investimento face ao financiamento obtido, podes utilizar os seguintes critérios:

Nesta fase, para projetares os fluxos monetários que o investimento poderá gerar, terás de reunir o máximo de informação possível sobre o negócio no qual que pretendes investir. Dependendo da dimensão do projeto, deves também ponderar a hipótese de procurar o apoio de um especialista na área financeira para te ajudar com os cálculos.

É obvio que serão sempre estimativas, por isso é essencial que o faças com seriedade e considerando valores menos otimistas. Desta forma, caso a análise seja favorável, terás mais hipóteses de ser bem-sucedido.

Usar a capacidade de crédito a nosso favor é, precisamente, usar o montante a crédito para investir, pagando o crédito com o retorno financeiro gerado por esse investimento. A médio-longo prazo, tal permitirá converter o ciclo de endividamento num ciclo de geração de poupança. Só assim poderás alcançar alguma autonomia e independência financeiras. É por esta razão que podes usar a capacidade de crédito como alavanca do teu futuro.

Por isso, se és empreendedor e tens alguma capacidade de crédito, pensa, analisa e não esgotes a oportunidade. Utiliza-a como alavanca para impulsionar o teu negócio.

Se achaste este artigo útil, se tens questões, sugestões ou até outros temas que queiras ver abordados nos próximos posts, deixa os teus comentários.

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Sempre grata,

Liliana Contreiras

#contabilistadoempreendedor

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